Como não exagerar nas coincidências do enredo

17:34

Este post foi retirado do meu livro de dicas para jovens autores, Para escritores no Wattpad, e está disponibilizado na íntegra nessa mesma plataforma.

Antes de mais, queria agradecer por todos os votos e comentários que esta obra tem recebido. É muito bom saber que todas estas dicas vos têm ajudado a tirar o melhor proveito possível das vossas capacidades de escrita e a evitar cometer determinados deslizes.

Este capítulo é dedicado a um aspeto capaz de destruir qualquer bom enredo: o excesso de coincidências. 

Quando digo isto, refiro-me àquelas vezes em que as personagens são colocadas nas situações mais improváveis possíveis, apenas para disfarçar a falta de capacidade do escritor para criar uma boa justificativa para os acontecimentos que a quer colocar.

Para explicar isto melhor irei utilizar um exemplo que me deparei recentemente:
Estava a ler um livro estilo fanfic de uma banda, em que o primeiro capítulo começava num parque. E é claro que, como a enorme maioria destes tipos de livros, a personagem principal teria que se encontrar com um desses famosos em algum momento. Mas o que aconteceu foi que, nesse mesmo primeiro capítulo, por mero acaso, os três membros da banda estavam a passear naquele parque e um deles ouviu essa personagem principal cantar, foi ter com ela e deu-lhe o número.
E isto foi o necessário para perder a vontade de ler mais. Os acontecimentos improváveis existem sim, porém não dessa forma, tal como os membros de bandas conhecidas não passeiam livremente por parques públicos, nem dão o número de telefone a quem não conhecem suficientemente bem. Isto não se aplica só a fanfics, mas sim a todas as histórias. 

Por mais que a sorte e o azar estejam presentes no enredo, não podemos apoiarmo-nos neles para justificar tudo o que aconteça. As personagens têm que merecer aquilo que lhes acontece, quer seja bom ou mau. 

Como escritores, temos que nos colocar no lugar de "Deus" da nossa história, e o que acontece ou deixa de acontecer depende inteiramente de nós. Tal como na vida real, ninguém tem o que quer apenas por querer; tendo que trabalhar e se esforçar para cumprir o seu sonho. Da mesma forma, os finais pouco felizes não acontecem só porque sim.  

As personagens têm o futuro que merecem.
Tal como nós.

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