Dicas de um escritor - Elmore Leonard

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Este post foi retirado do meu livro de dicas para jovens autores, Para escritores no Wattpad, e está disponibilizado na íntegra nessa mesma plataforma.

Desta vez decidi colocar aqui alguns conselhos de um autor conhecido mundialmente e que foram baseadas na experiência que este adquiriu ao longo dos anos e dos livros que publicou.  Foram retiradas de uma obra que ele escreveu chamada "Elmore Leonard's 10 Rules of Writing" e têm por objetivo ajudar o escritor a mostrar ao invés de contar.

Irei colocar as dez regras e comentá-las por baixo:

1. Nunca começar um livro a falar do tempo.

Como já tinha dito antes, a história começa na primeira linha do primeiro capítulo. Portanto, se querem atrair o leitor, descrevam algo que lhe capte o máximo possível de atenção.

2. Evitar prólogos.

O prólogo é um capítulo antes do primeiro capítulo. O que acontece na maior parte dos livros de ficção é que as informações que o prólogo nos dão poderiam ser perfeitamente colocadas dentro dos capítulos seguintes. E também há casos em que, antes do prólogo, o leitor já teve que ler um prefácio e uma introdução. Mas se não for o caso usem-no da forma que preferirem.

3. Nunca usar um verbo que não seja "disse" para os diálogos.

O que acontece é que às vezes os escritores exageram e usam verbos como asseverar, alvitrar, recalcitrar, entre outros; e o leitor, para quem a história é escrita, fica a questionar-se sobre o que raio isso significa.  Para além disso, também tiram a atenção do diálogo, pois um "disse" já é mais que suficiente.

4. Nunca usar um advérbio para modificar o verbo "disse".

O objetivo é não interromper a fluidez do diálogo, sendo que muitas vezes este advérbio já está implícito no que a personagem disse.

Exemplo:
"Vá dar uma volta!" gritou agressivamente Eduarda.

Primeiro, se é usado um ponto de exclamação, podemos concluir que estava a gritar. Segundo, não há forma de gritar isso delicadamente.

5. Manter os pontos de exclamação sobre controlo apertado.

Mais de um já é muito, e fora dos diálogos apenas resulta em muitíssimas poucas excepções.

6. Nunca usar as palavras "subitamente" ou "começou uma confusão dos diabos".

Assim como "de repente", porque dá uma ideia de preguiça por parte do escritor.

7. Usar dialectos regionais e gírias com moderação.

Gírias, principalmente gírias, usem-nas caso seja realmente pertinente.

8. Evitar descrições detalhadas dos personagens.

O vosso livro é uma história e cada personagem tem sentimentos e emoções próprias. É aí que se devem centrar, e não no facto de estarem vestidas com "uma t-shirt branca, larga, e uns vans pretos que contrastavam com a ganga escura das calças de cintura subida".

9. Não entrar em demasiados detalhes ao descrever lugares e coisas.

Desenvolvam a história. Ninguém está interessado na cor das paredes da sala do melhor amigo ou do tamanho do telhado da tia.

10. Tentar deixar de fora as partes que os leitores costumam saltar.

Ponham-se no lugar do leitor. Descrições exageradas e parágrafos longos e parados não são interessantes.


Resumidamente, soem como vocês próprios, como se estivessem a contar uma história a alguém. Não a escrever, mas a falar.

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