Ler os nossos próprios textos antigos
19:24
Este post foi retirado do meu livro de dicas para jovens autores, Para escritores no Wattpad, e está disponibilizado na íntegra nessa mesma plataforma.
Qualquer escritor, e
quando digo isso é mesmo qualquer um, desde profissionais a amadores, e
passando pelos mais bem-sucedidos de sempre, melhora a sua escrita com o
passar do tempo. Não é imediato, nem é direto, porém basta pegar numa
obra mais antiga e compará-la com uma mais recente. Até se o fizerem com
os vossos próprios textos, certamente notarão isso, e a diferença será
tão maior quanto o tempo de diferença. Da mesma forma, se lerem um dos
primeiros livros de um autor famoso e o compararem com um mais novo,
verão que até ele teve que passar uma fase em que a qualidade da escrita
era muito inferior.
Podem até considerar que
já escrevem de forma boa e razoável, mas se daqui a uns meses ou até
anos voltarem a ler o que criaram, é mais do que certo que irão pensar:
"A sério que um dia achei que isto fosse bom?". E, se tal acontecer,
dêem-se por agradecidos, pois a evolução aconteceu e isso é o mais
importante para qualquer pessoa que se dedique à escrita de forma
amadora ou mesmo profissionalmente.
Posso dizer-vos isto por
experiência própria, pois recentemente dediquei-me a rever um livro que
terminei de escrever em março deste ano e agora, em outubro, não
consigo parar de pensar como é que cometi tais erros, que passam por
ritmos fracos, diálogos extremamente superficiais, vocabulário
pouco enriquecido e até a utilização de tempos verbais incorretos. Claro
que, na altura, pensei que aquela obra estava boa ao ponto de a poder
entregar a uma editora. No entanto, agora, ao relê-la, vejo que essa
evolução, de facto, aconteceu. E a verdade é que foi motivada
principalmente pelo fato de que nunca desisti de continuar a escrever.
Como já tinha dito
antes, não se chega à perfeição perseguindo-a. É quase como o paradoxo
do hedonismo, que diz que quem persegue a felicidade é miserável, porém
quem persegue outro objetivo atinge a felicidade. Neste caso aplica-se
isso à perfeição, em que a melhor forma de a atingir (ou pelo menos de
nos aproximarmos desta) é escrevendo novos livros e novos textos, sem
nunca desistirmos de aprender e conhecer mais um pouco sobre tudo,
aceitando continuamente que há sempre mais a saber e que a nossa escrita
pode se tornar muito melhor do que aquilo que já é.
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